A Sombria Queda de Elizabeth Frankenstein | Kriesten White

Título Original: The Dark Descent of Elizabeth Frankenstein
Autora: Kiersten White
Tradução: Lavínia Fávero
Ano: 2018
Editora: Plataforma 21
Páginas: 352
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Todo mundo já ouviu falar de Frankenstein, a história do monstro feito de pedaços de corpos retalhados pelo Dr. Victor Frankenstein, essa criada há exatos 200 anos, pela maravilhosa escritora Mary Shelley. Ao longo dos anos, diversas adaptações foram feitas baseadas no livro, sejam eles filmes, séries ou quadrinhos, além de tantas outras histórias que possuem como referência o original.  

A história de Frankenstein é muito mais que apenas algo sobre terror ou monstro, ela inicia desde o começo da ideia de Shelley começar a escreve-lo. Tudo teve início em uma viagem de verão a Genebra com sua família e amigos. Em uma noite chuvosa eles começaram a conversar sobre terror e todos foram desafiados a criarem um conto sobrenatural, Mary era a única mulher e os homens se quer deram bola a sua imensa capacidade, mas seu conto, chamado Frankenstein, ganhava vida. 

Mas mesmo com uma história incrível, sem sombra de dúvidas, com nada igual jamais criado na literatura mundial, mesmo depois de 200 anos, algo faltava para a escritora Kiersten White. Como uma obra tão magnifica, escrita por uma mulher, que provou ser melhor que todos homens a sua volta, não tinha uma mulher como a protagonista da história? Sendo assim, ela resolveu se apoderar da obra de Shelley e reescreve-la pela ótica de uma das poucas coadjuvantes femininas da história: Elizabeth Frankenstein.

Elizabeth era uma menina adotada pela Família Frankenstein, tratada quase como uma dama de companhia de Victor e que acaba virando o amor da sua vida. E assistir alguma história sob a ótica de outra pessoa, passando o protagonismo para outra personagem, faz a história ser completamente diferente, mesmo com o mesmo tema, o mesmo mote e com a maioria dos leitores sabendo o final. Mas o enredo inteiro, para chegar até esse final, é repleto de novidades, coisas inesperadas e desconhecidas.


Em A Sombria Queda de Elizabeth Frankenstein você irá encontrar a história de uma mulher apaixonada em busca do seu marido louco e que havia fugido de casa. Ela sai de casa acompanhada de uma amiga com destino a Ingolstadt, Alemanha, último lugar onde Victor foi visto por alguém da família.

A autora Kiersten White tenta colocar nessas páginas o pensamento que ela imagina que Mary Shelley teria para aquela personagem. Nas notas do final do livro, ela inclusive cita que tem uma curiosidade imensa de saber se a autora original de Frankenstein teria a mesma visão de Elizabeth que ela teve 200 anos depois. A personagem é tão realista, é uma mulher cheia de ideias e que apesar da loucura absurda do amor da sua vida, não muda sua essência e não deixa de acreditar no homem que ama, luta para encontra-lo, luta para protege-lo. Sem dúvidas, Elizabeth não é uma das tantas personagens femininas dependentes de homens que tanto reclamo aqui.

De forma geral, A Sombria Queda de Elizabeth Frankenstein acaba não tendo tanta ação como eu gosto, mas o final é bem intenso, cheio de sangue e chocante. O seu desenvolvimento é um pouco arrastado, as reflexões de Elizabeth e a procura dela por Victor, as vezes, se tornam um pouco repetitivas e deixam o enredo pesado, mas tirando isso só tenho coisas boas para falar da obra.



Além de muito bem escrito, a edição preparada pela Plataforma 21 ficou perfeita. A edição possui uma lombada diferente, imitando uma edição mais crua, como se fosse feita a mão. É ótima ao toque e muito maleável, ao ponto do livro abrir perfeitamente, sem que você precise segura-lo quando solto a mesa, um trabalho de primeira. Dá até a ideia de que o livro foi feito de pedaços, como o próprio monstro de Frankenstein.

Eu nunca li o livro original, mas já vi o filme e conheço a história dele. Não me senti prejudicado em ler o livro de Kiersten primeiro, mas quando terminei o livro fui correndo atrás da obra mais que centenária, e acho que todos deveriam faze-lo. Não é necessário ler o clássico antes desta releitura, porém, é claro, a experiência de saber a história verdadeira e ler o livro com Elizabeth como personagem principal deve ser muito mais prazeroso.

Kiersten White jamais saberá o que Mary Shelley acharia da sua adaptação, mas eu poderia jurar que ela ficaria orgulhosa, de justamente no aniversário do bicentenário de sua obra prima, ter ela relembrada de uma maneira tão atual. Kiersten coloca a figura feminina como protagonista, mostra o quanto o mundo evoluiu ao longo dos anos e o quanto a força de Shelley contribuiu por um mundo ideal na literatura, onde mulheres pudessem se mostrar capazes de escrever melhor que homens. Talvez Mary Shelley não imaginasse que a sua obra pudesse ter uma personagem feminina com a mesma força que ela teve em encarar homens machistas em pleno começo do século XIX, mas Kiersten provou que sim, que poderia.

5 comentários

  1. Nossa eu adoro essa ideia de reescrever uma história com os olhos de outro personagem, sempre digo que é um presente para os fãs poder reler um livro contado por um personagem diferente porque da ao leitor a oportunidade de observar tudo de uma nova perspectiva com novos detalhes e outra personalidade. A ideia da autora foi genial, creio que Shelley ia adorar essa leitura.
    Quando a gente pensa em Frankenstein associa logo a algo macabro e creio que esse livro pode mudar isso pelo menos em partes

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  2. Este livro tem dado o que falar desde seu lançamento. Além de trazer esta espécie de releitura de um grande clássico, traz também a beleza da edição, desde a capa até a diagramação.
    Preciso ver a adaptação novamente, faz tanto tempo que vi, que muitos detalhes acabaram se perdendo com o tempo.
    Eu acho que este livro traz mais uma vez, o poder da mulher e isso é fascinante!!!!
    Lerei com certeza.
    Beijo

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  3. Que bacana! Eu também assisti ao filme de Mary Shelley com a história de Frankenstein e adorei!
    A edição da plataforma 21 está realmente muito linda e diferente por ter essa costura na capa, o que achei o máximo! Ainda não li Frankenstein, e nem a Sombria queda de Elizabth Frankenstein, mas só pelo último parágrafo da resenha, dizendo que Mary Shelley se orgulharia da obra, eu confesso estar com uma vontade gigante de ler a obra. Só não sei se leio primeiramente Frankenstein.

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  4. Olá! Eu gosto bastante de releituras de obras consagradas, se bem que essa é praticamente uma nova versão da história com o ponto de vista de um personagem importante no enredo original, mas que ainda não tínhamos tido a oportunidade de conhecer muito, Elizabeth teve que lutar, e muito, pelo amor de seu Victor, e imagino quantos obstáculos ela não teve que superar. Também ainda não li o livro original, mas essa resenha me deixou bem curiosa para conferir os dois.

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  5. Muito triste ver o potencial de Mary e não darem valor só por ser mulher. Ainda não li nada sobre o Frankenstein, só o conheço por filmes. Gostei da ideia da autora colocar uma mulher como protagonista e uma forte e determinada deve ter ficado melhor ainda. E é uma maravilha que esse tem novidades deixando a obra mais interessante. Quero muito ler.

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