Resenha: Os Invernos da Ilha

Título Original: Os Invernos da Ilha 
Autor: Rodrigo Duarte Garcia 
Editora: Record 
Ano: 2016 
Páginas: 462
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Os Invernos da Ilha é o romance de estreia de Rodrigo Duarte Garcia, escritor que visivelmente se inspira em grandes mestres como Melville e Conrad e nos traz uma aventura que inclui uma ilha isolada, um corsário holandês e um tesouro escondido. Tais elementos já poderiam despertar a curiosidade daqueles leitores que apreciam uma boa narrativa de aventura, mas o livro de Garcia vai além disso: trata-se também de uma jornada de amadurecimento do protagonista.

Florian Links, personagem principal e narrador da história, chega à ilha de Sant’Anna Afuera como se estivesse evitando o passado. Após um acontecimento terrível, Links escolhe um mosteiro na ilha como um refúgio e como um local para refletir e retomar o rumo de sua vida. Florian Links decide tornar-se monge e se instala no mosteiro, no entanto, é necessário um período de adaptação e experiência realizando determinadas tarefas até ser consagrado. Aceitando esta condição, Floriano passa a morar no lugar e conhece o professor e antropólogo Philippe Rousseau, que estuda e traduz o diário de Oliver Van Noort, um corsário holandês que invadiu a ilha no ano de 1600. A história oficial sobre Van Noort informa que após uma fuga rápida da ilha, o tesouro do navio Mauritius foi jogado ao mar e jamais alguém o encontrou. O intuito do professor Rousseau era, justamente, desvendar informações sobre o tesouro do navio já que existem diferenças de dados entre os registros oficiais e o diário do corsário. O professor Rousseau acredita que o tesouro foi escondido na ilha.

Percebe-se, então, que o texto situa-se em dois momentos históricos, tendo a ilha como pano de fundo: um é o passado – no caso, o séculos XVI, em que o leitor acompanha as aventuras dos piratas holandeses. O outro momento é o tempo presente, em que Florian questiona o caminho a qual deve seguir se o de aventureiro, buscando o tesouro escondido, ou se o de religioso, tornando-se monge.


Florian Links interessa-se pelo diário de Oliver Van Noort e vai acompanhando as pesquisas do professor e ajudando-o a desvendar o grande mistério do tesouro, cuja pista principal foi decodificada a partir de um poema. Florian Links, que é formado em letras clássicas, fica fascinado por essa história, porém, esse fascínio demonstrado por Links não se dirige apenas ao diário, o nosso protagonista começa a se interessar por Cecilia Von Lockenhaus, médica e habitante da ilha. Então, o trio formado por Florian Links, Philippe Rousseau e Cecilia Von Lockenhaus embarca na aventura de buscar um tesouro do qual nem sabem se ele existe.

A escrita de Rodrigo Duarte Garcia me deixou bastante encantada. A riqueza de imagens, o vocabulário e os dois planos de narração me fizeram mergulhar dentro da obra. A linguagem é muito detalhada, contribuindo para o clima de mistério e aventura que envolve a narrativa. No entanto, achei o início do livro muito arrastado e demorei para ler a primeira parte e me envolver realmente com a história. Acredito que isto se deve à melancolia, à tristeza e às próprias reflexões do protagonista que carrega um sentimento de culpa muito grande.


A impressão que tive era que ele compartilhava com o leitor de uma forma tão intensa esses sentimentos, que acabávamos por sentir o que Florian Links sentia. Ao mesmo tempo que esta pode ser uma qualidade da linguagem deste escritor, já que o leitor acaba se envolvendo com o clima de tristeza criado protagonista, se o leitor não for persistente, poderá acabar desistindo da leitura. Contrastando essa linguagem mais intimista e monótona, encontramos, no diário do pirata, um ritmo mais interessante. Aqui, o escritor aproxima-se das renomadas narrativas de aventura do século XIX como A Ilha do tesouro, de Stevenson e Moby Dick, de Melville, e, particularmente, foi a parte de que mais gostei.

Os Invernos da Ilha é um livro para quem gosta de uma combinação inusitada: melancolia e aventura. A obra propõe algumas reflexões sobre morte e sofrimento, sobre culpa e superação e sobre amizade e amor. Apesar de um início não muito empolgante, possui uma trama envolvente, cativando o leitor no decorrer da narrativa. E o mais bacana: livro estreante de escritor brasileiro. Estou muito curiosa para saber o que mais Rodrigo Duarte Garcia tem para nos contar.

4 comentários

  1. Oi Ana, adoro livros que envolvem piratas. Acho que é porque quando era menor li uma história assim e me encantei com os personagens.Vou ler com certeza.
    Beijos
    Quanto Mais Livros Melhor

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    1. Oi, Priscila!!!
      Eu também sempre gostei de livros que envolvem piratas, por isso quis muito ler este livro! Depois me conta o que achou.
      Beijo.
      Ana Karina

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  2. Estou com esse livro aqui em casa, e até comecei a lê-lo, mas o início da história não me atraiu e acabei deixando a leitura de lado. Sua resenha me deixou mais confiante a dar outra chance a história, fazendo com que eu fique instigada a conhecer essa história que tem uma escrita mais poética (foi o que senti no início), com uma abordagem de aventura. Espero que esse livro me impacte assim como foi positivo para você.

    Beijos, Gabi
    Reino da Loucura || Participe do top comentarista de julho e concorra aos livros O Amor nos Tempos de #Like e Em Algum Lugar nas Estrelas

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    1. Oi, Gabi! Eu também achei o início da história meio lento, meio chato até, somente depois da página 100 que comecei realmente a gostar. Dê outra chance e depois me conta o que achou!
      Beijo.
      Ana Karina

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