Resenha: 1977 - Enfield

Título Original: This House is Haunted: The Amazing Inside Story of  the Enfield Poltergeist
Autor: Guy Lyon Playfair
Ano: 2017
Editora: Darkside
Páginas: 288
Amazon - Saraiva

Enfield, 1977 é uma história verídica relatada e estudada por Guy Lyon Playfair, membro da Sociedade de Pesquisas Psíquicas (SPR, sigla em inglês). Playfair nos conta como chegou a ele o que viria a ser o maior caso sobrenatural já registrado, tanto em termos de tempo de duração quanto da quantidade de atividades paranormais. Ele também fala bastante sobre a dificuldade de provar tais acontecimentos até mesmo dentro da própria SPR.

Tudo começa com uma série de situações estranhas em Enfield, subúrbio de Londres, mais especificamente na casa da família Harper. A família era composta majoritariamente por duas crianças e a senhora Harper que era separada do marido e alegavam ouvir batidas, presenciar móveis se mexendo de forma inexplicável e objetos sólidos caindo do teto. Seria isso um caso verdadeiro de poltergeist ou apenas as artimanhas de duas meninas geniosas? Sem alternativas, a família acaba procurando a imprensa e devido a proporção do caso, a SPR é comunicada e dois pesquisadores voluntários decidem tomar a frente e ajudar, um deles é Playfair. A partir de então, muitos pesquisadores, médiuns, jornalistas e curiosos passaram pela aquela casa, mas só eles acompanharam diariamente a vida dos Harper e a registraram todos os acontecimentos, que do início ao fim durou três anos.

"O inimigo invisível continuava a atirar coisas pela casa, mas sua munição favorita já não eram bolinhas de gude e nem mesmo chinelos, mas Janet." 



No prefácio, o autor já descarta qualquer tipo de possibilidade de ação e suspense aos moldes das histórias de terror que estamos acostumados nas produções cinematográficas. Ele alerta para repetitividade e o quanto o livro pode ser tedioso para quem está procurando outra coisa. O único compromisso de Playfair é relatar o que aconteceu nesse período na casa dos Harper e proximidades. 

Apesar dele adotar o estilo em prosa trazendo alguns diálogos, o livro é predominantemente descritivo e analítico. Por isso, quem não está preparado para uma leitura mais densa, talvez sinta um pouco de incomodo. Já os leitores interessados em saber mais sobre esses tipos de fenômenos encontram muita informação sobre os bastidores desse tipo de pesquisa. O mais legal é que Playfair se preocupa em mostrar todos os lados e teorias que envolveram o caso.  

Um dos pontos que mais me surpreendeu nos relatos é ver a forte influência do Brasil nesse tipo de estudo. O outro ponto é ver o quanto a SPR é formada mais por estudiosos céticos. A maioria parece querer provar o quanto tudo é uma fraude se agarrando com unhas e dentes as suas teorias científicas dogmáticas com o objetivo de descartar completamente a existência de atividades paranormais. Também fiquei surpresa ao descobrir que não existe uma definição unanime para o que é poltergeist.

"De todos os mistérios da natureza, poucos são tão desconcertantes quanto o poltergeist. Primeiro, não sabemos o que ele é. Não passa de uma palavra que usamos para algo que não compreendemos."


A pesquisa sobre poltergeist é muito estigmatizada por ser difícil de ser comprovada e Playfair conta todas as dificuldades e técnicas que existem durante esse processo. Mas fica claro que objetivo principal dele é descartar a possibilidade de fraude. Durante a leitura é possível perceber que eles realmente se preocupam em desenvolver uma metodologia de pesquisa, justamente nessa busca de reconhecimento. Como socióloga, eu me simpatizo com as dificuldades do Playfair. Entendo na pele como é ruim sentir a descrença dos outros em estudos que não envolvem equações para justificar teorias. É difícil para algumas pessoas entenderem que ciência não é apenas números.  

O livro também apresenta fotos e alguns anexos dos registros feitos nessa época. As fotos em preto e branco dão um ar mais sombrio para história, apesar de quanto mais eu olho para elas, menos acredito naquilo - ou ao menos não quero acreditar. Nas últimas páginas, Playfair dá uma espécie de manual intitulado "O que fazer com o seu Poltergeist". O trabalho editorial da Darkside está impecável como sempre. Livro em capa dura tem o desenho de uma porta com número 1977 em destaque - ano do início das primeiras atividades - e o nome do autor como se alguém (ou algo) tivesse escrito na porta. 

1977 - Enfield me proporcionou altos e baixos durante a minha leitura. Ora, eu me vi com o coração palpitando com os relatos e querendo ligar todas as luzes do meu quarto. Ora, eu fui totalmente cética. Mas confesso que achei algumas teorias bastante convincentes.

32 comentários

  1. Olá!
    Edição muito bonita, como todas DarkSide. Confesso que sou medrosa para esse tipo de leitura, mas a curiosidade vence, e acabo sempre gostando da leitura, apesar dos muito sustos.
    Gostaria de fazer a leitura.
    Sua resenha está excelente e a dica já vai para alista de desejados.
    Beijos.

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    1. Que bom, Márcia, que a minha resenha te ajudou a decidir sobre a leitura do livro <3

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  2. Olá!!
    Essa capa é muito linda, não tenho nem o que comentar, mas não estou tão animada com a história, mesmo gostando do tema, pois não sei se eu gostaria muito da escrita, mas obrigada pela indicação. Bjos!

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    1. É o que eu disse mesmo, Jeh. É uma narrativa mais lenta e muito descritiva, nem todo mundo consegue ler um livro nesse formato :/

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  3. Olha, esse livro não me chama atenção em nada pra ler e já sou do tipo que corre pra longe desse tipo de história, então já viu...
    Achei um tanto interessante que ele tenha mais cara de relato, se mostrar como foram as pesquisas e um tom mais analítico da situação. Pode acabar sendo tedioso mas se por algum acaso acabasse lendo talvez visse mais graça assim. Sei lá.
    Não é meu estilo, mas pra quem gosta pode ser legal.

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    1. Acho que é tipo de livro bastante específico para quem tem curiosidade sobre o assunto. É bem interessante, mas para quem realmente quer saber mais sobre o assunto.

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  4. Que medo... ainda mais por se tratar de uma história verídica. Pensa na quantidade de pesadelos que eu teria depois de ler a obra? Infinitos... HAHA
    Achei a premissa da obra interessante e pude perceber que é um livro bem construído.
    Mas como não sou fãs de histórias assustadoras, não me arriscaria em ler a obra.
    Acredito que quem é fã, essa leitura seja uma boa pedida.
    Beijos
    Caroline Garcia

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  5. Gostei da proposta do autor. Ele não usou a mesma linha dos gêneros de terror. Apesar de gostar de histórias mais descritivas, a leitura desse é mais densa com todas as posições e teorias que defedenram na época.
    Não sabia que existia definição para poltergeist.

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    1. Oi Nay. Acho que as parte mais técnicas e o fato dele se ater bastante aos fatos faz com que a leitura fique um pouco arrastada. Mas é aquilo, quem quer saber mais sobre o assunto é um prato cheio.

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  6. Olá, acho que o livro não iria me agradar, pois eu ADORO um suspense em tramas de terror. Entretanto é inegável que a autor inovou e pra quem busca um subgênero a obra pode ser perfeita. Beijos.

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    1. Oi, Alison. Exatamente. Não acho que quem está acostumado com tramas de terror com bastante suspense e ação vai gostar tanto. Mas o autor deixa bem claro desde o início que essa não é a intenção dele :)

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  7. Olá !!
    Vindo da Darkside já sei que é arrepiante !!
    Não gosto muito de ler esse tipo de livro (sou medrosa mesmo ) ainda mais sendo uma história real 😱
    Mas parece ser um livro bem legal e diferente !
    Bjo

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    1. É sim, Mich. Traz um perspectiva sobre os estudos na área da paranormalidade que nunca tinha visto :)

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  8. Nina!
    Um livro baseado em pesquisas sempre dá mais credibilidade, mesmo que seja sofre fenômenos paranormais, que muitas pessoas nãoa creditam.
    De minha parte, sou bem crédula porque já pude presenciar vários com familiares e livros do gênero sempre me interessam, principalmente porque a análise é feita através de fatos que realmente aconteceram.
    Fantástico! Quero ler!
    Bom final de semana!
    “Ciência é conhecimento organizado. Sabedoria é vida organizada.” (Immanuel Kant)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE JULHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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    1. Nossa, Rudy! Deve ser bem tenso presenciar algo do tipo. Com certeza esse livro será uma ótima escolha para você. Ele traz uma perspectiva da área muito abrangente! Muito interessante :)

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  9. Fiquei curiosa para ler, gosto de historias verídicas, acho que essa da para assustar, mas assim que é bom rs. Deve ser difícil mesmo provar esses acontecimentos afinal nem todo munda acredita ou presenciou. Parece que uma obra muito bem pesquisada e que prende o leitor. A DarkSide como sempre arrasa.

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  10. Oi, Nina!!
    Adoro os livros da Darkside são sempre edições maravilhosas e caprichadas!! Gostei bastante da resenha e da história do livro pois acho bem interessante o assunto abordado no livro sobre fenômenos paranormais.
    Bjoss

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    1. Quem bom, Marta. Se um dia você ler, não esquece de vir me falar o que achou! Beijos

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  11. Ai, parece que dá um medinho....hahahahaha
    Até a capa com esta porta é amedrontadora!
    Para começar este tipo de leitura comprei Amityville e Ed & Lorrayne Warren, mas ainda não os li. Criando coragem...hahahaha

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    1. Então, Tália... dá até um medinho, mas como o autor acaba indo muito para um lado analítico até que não dá tanto. Dá para ler. Melhor se for de dia... haha

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  12. Olá!
    A capa do livro tras para mim um certo medo sobre a trama dele. Ao ler a resenha fiquei bem pensativa se deveria ler ou não esse livro, quando lia a forma de que falava sobre ele e coisas paranormais, fiquei bem assustada principalmente com a foto da menina no ar, sabe me fez lembra o filme Paranormal 2, acho que é esse, tem uma cena que aparece uma foto de uma garota assim e fiquei bem com medo de ler, sabe...Mas apesar disso tudo, gostei do livro tem uma otima premissa!

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  13. Olá!
    Estou bem no clima pra ler terror mesmo, mas nunca li nada que fosse baseado em fatos, esses me deixam ainda com mais medo ahhaha
    Mas gostei bastante da premissa desse.
    Vou adicionar na listinha.
    Beijos

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  14. Nunca li nem um livro de terror com histórias verídicas, ainda mais sobre casos sobrenaturais, achei bem diferente o autor não querer fazer uma história como as que somos acostumados, em que há ação e suspense, mas sim relatar o que aconteceu, mesmo que possa ser repetitivo e tedioso, eu não sei se leria este livro, gosto de histórias de terror, mas por ser verídico, é assustador, quem sabe futuramente eu leia este livro.

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  15. Oi Nina,
    Fiquei sabendo recentemente que a história deste livro está relacionada a do filme Invocação do mal 2 e agora lendo sua resenha vi que isto está certo. Só não sei quem se inspirou em quem. Sempre que assuntos paranormais são mencionados existe aquela tensão entre ciência e religião. O lado cético sempre irá atrás de meios que justifiquem todas os acontecimentos, mas quando estes se tornam difíceis de serem explicados é que a coisa fica complicada. O que achei interessante deste livro é o tempo em que ocorre o estudo (me surpreendi por terem se passado anos) e na quantidade de profissionais dispostos a provar que tudo não passa de uma grande fraude. Achei esta edição da Darkside linda (como sempre) e fiquei bem interessada neste livro.

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    1. Sim, Gi. Eu tenho que ver Invocação do mal 2!! Vou anotar aqui. No caso, o livro deve ter servido de inspiração para o filme. Porque esses acontecimentos e o proprio livros são da década de 1980 ou 1990, não me lembro exatamente agora. Como sempre a darkside arrasa na edições ❤

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  16. Eu não conhecia esse livro, mas já achei bem interessante a proposta do livro. Mas eu confesso que não sou muito fã de livros de suspense, muito menos de terror. Então acho que eu não iria gostar muito desse livro...
    Mas essa capa realmente está linda (na verdade todos os livros da Darkside são lindos <3)

    Beijos!

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  17. Oi! Nunca ouvi falar sobre o livro, mas já amei! Adorei a capa também. Eu sou uma pessoa que fica dividida entre: acreditar que essas coisas acontecem e ser cética. Quero ler o livro pra ver se algumas teorias vão me convencer também! Beijoos

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    1. Lê sim, Gabi. Depois vem me contar se acreditou ou não hehe

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  18. Eu achei bem legal! Como eu disse na minha resenha, apesar de ter colocado minhas expectativas pra outro lado, o livro me surpreendeu. Achei um pouco devagar demais, mas, qnd a gente se acostuma, a leitura flui mais! *-*

    Adorei o post!

    Abraços.
    Alex, do Um Bookaholic. <3

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    1. Oi, Alex (saudade das suas lives)! Então, acho que muita gente cai no erro de achar que vai encontrar uma narrativa mais dinâmica e com muito suspense. Mas você disse tudo, depois que acostuma com o ritmo, a leitura flui bem :)

      beijos

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