A Pequena Caixa de Gwendy | Stephen King e Richard Chizmar

Título Original: Gwendy's Button Box
Autores: Stephen King e Richard Chizmar
Tradução: Regiane Winarski
Ano: 2018
Editora: Suma
Páginas: 168
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Gwendy Peterson é uma pequena garota de 12 anos, moradora de Castle Rock, ela vive lá com a família e apesar da vida feliz ao lado deles e de sua melhor amiga, as coisas nem sempre são fáceis no seu colégio. Como uma pré-adolescente, existem coisas que lhe incomodam e entristecem.

Em uma bela noite, enquanto estava indo para Castle View, subindo as conhecidas Escadas Suicidas, Gwendy escuta um homem lhe chamando, em um canto escuro do parque pelo qual ela caminhava, ora não seria muito inteligente uma garota de 12 anos, sozinha, à noite, no escuro, atender o chamado de um homem que ela nunca havia visto na sua vida. Mas o Sr. Ferris, o homem misterioso, apenas desejava lhe presentear com uma caixa, ainda mais misteriosa que ele. Ela possuía sete botões, seis deles ligados a continentes, todos com cores diferentes, e o último, o sétimo, preto, e que, segundo Ferris, nunca deveria ser apertado. Além dos botões a caixa tinha alavancas que davam moedas antigas ou doces de chocolates com formato de animais.

Que criança não ficaria tentada em pegar aquela caixa? Obviamente a menina aceita o presente e o esconde em sua casa, começa a se divertir puxando suas alavancas e as coisas na sua vida, com a sua família, amigos e até mesmo no mundo em geral começam a ficar desastrosas. Os desastres acontecem justamente nos mesmos dias em que ela tem vontade de interagir com algo proibido da caixa, seria ela a culpada por tudo de ruim que está acontecendo? Teria a caixa, algo haver com todos esses problemas ou seria apenas uma terrível coincidência?


A Pequena Caixa de Gwendy é livro curto de pouco mais de 150 páginas, facilmente lido em um dia. A edição conta com ilustrações lindíssimas, presentes em várias partes do livro, os capítulos são rápidos e bem objetivos, sem muita descrição das cenas e explicações sobre os personagens, algo bem diferente do que estamos acostumados com as obras de King. O autor, que é detalhista ao extremo, deixa um pouco a desejar nesse quesito, principalmente durante as passagens de tempo no livro. Gwendy recebe a caixa com 12 anos e fica com ela durante boa parte de sua vida, e esse desenvolvimento é simplesmente esquecido no livro, não se fala em como ela está crescendo ou nas coisas que acontecem a sua volta no mundo, focando somente na interação dela com a caixa e com as coisas que a caixa teoricamente provoca, o que é bem decepcionante.

Claro que isso se deve ao livro ser curto e ele é, claramente, classificado como um livro infanto-juvenil também, porém não deixa de ter toda a aura de suspense e terror comuns nos livros do mestre do terror, mas em doses bem menores do que em “IT” por exemplo, o que o torna um grande livro para adolescentes que queiram conhecer o nosso mestre. 

Eu tenho a impressão de que King vem se despedindo da literatura aos poucos, parece saber que já fez tudo que havia sonhado dentro dos gêneros que publica e que agora vai se aventurando em outros estilos. Talvez, com a intenção de ter uma obra sua em cada estilo literário, seja por isso que ele já tenha criado uma trilogia policial, alguns títulos dentro da ficção científica, e agora, faz um livro infanto juvenil, bem curto, só para dizer que fez. 

Co-autor da obra, Richard Chizmar é editor dos livros de King há muitos anos e tem algumas obras de terror e fantasia publicadas, mas nunca traduzidas para o Brasil. Não sei se posso dizer “infelizmente”, já que o livro não em atraiu muito e não é possível perceber de que forma o livro foi dividido entre os dois autores, porém, ele e seus livros são muito premiados no exterior. Então, irei buscar algo dele, mesmo em inglês, para ter uma opinião bem formada de seu trabalho.



A história de A Pequena Caixa de Gwendy tem uma enorme moral, um contexto muito interessante e gera uma imensa reflexão, mas está muito longe do que fez King ser tido como o melhor escritor do gênero na atualidade. Talvez funcione mesmo somente com adolescentes, pois, infelizmente, como fã ferrenho do autor, a obra, como um primeiro contato para um leitor adulto, não impressiona. 

Eu li a história da menina Gwendy em inglês e posso dizer que é uma excelente obra para quem quer aprender a ler em outra língua. O livro é de fácil compreensão, tem uma história curta e também não é um livro que normalmente seria usado em salas de aula, pode, inclusive, prender mais a atenção do leitor, que além de se divertir com um livro infanto-juvenil do mestre do terror estará também aprendendo inglês ou a língua que desejar, já que ele foi amplamente traduzido.

A Pequena Caixa de Gwendy é um bom livro, mas não um livro do nível Stephen King. É bom para crianças, é bom para estudantes de outras línguas, é bom para quem quer se divertir, mas completamente dispensável para quem quiser um livro realmente de terror ou com a assinatura explicita de quem bem conhecemos. O que me deixa a dúvida já mencionada: Stephen King já deu para literatura tudo que poderia dar de melhor? Ou será que o mestre ainda pode criar alguma obra do nível de O Iluminado ou um novo IT? Eu tenho ficado sem esperanças e confesso que os lançamentos dele já nem me animam tanto mais.

13 comentários

  1. Oi Bruno,
    Não a outra palavras a não ser "estranheza", a cabeça do King é cheia delas, rsrs.
    É um enredo muito original, e ao mesmo tempo nos deixa uma bela lição, é bem diferente, e eu gostei.
    Eu fico imaginando a dúvida que a protagonista causa no leitor, esperando o que ela fará com tudo o que tem poder de fazer, talvez por isso seja um livro que prende.
    Claro que desejo muito ler, olhei para a capa e não tinha gostado, até deixei passar batido o nome do King, agora desejo demais ler, rs.
    Beijos

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  2. Olá, Bruno
    Ainda não li nada do autor, mas quero muito conhecer King.
    Gostei da premissa do livro de todo esse mistério que envolve essa caixa, o poder concedido a Gwendy. Como você mesmo disse muito diferente do que King costuma desenvolver em seus livros.
    Quero muito poder ler, talvez comece com esse.
    Beijos

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  3. Pequena Caixa de Gwendy já quero ler! Ultimamente tenho vontade de ler livros curtos para tentar sair da ressaca literária, e esse como você disse, dá para ler em um dia ;)
    Como não conheço King, ainda não li nenhuma obra sua, eu acredito que isso não afetará a minha percepção da história, pois não terei com o que comparar.

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  4. Olá! A princípio acreditei que seria mais um livro que teria que passar, já que sempre fujo do gênero terror, mas pelo jeito o livro é mais light nesse quesito, fiquei surpresa com o número de páginas, para mim, é bem animador, pois gosto de livros que possam ser lidos mais rapidamente, apesar de não estar à altura das outras obras de King, acredito que o fato do enredo ter uma lição de moral bacana já é válido para os leitores mais jovens.

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    1. Simmm! É uma pegada bem diferente do que o King costuma fazer!

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  5. Fiquei lendo a resenha imaginando que seria um livro com uma história legal, mas nada além disso. A Pequena Caixa de Gwendy me impressionou por ter uma trama tão infanto-juvenil vindo do Stephen King, gostei que ele manteve uma vibe suspense/terror, mesmo que em baixa intensidade. Entendo todos seus poréns para o livro e acredito que compartilharia dos mesmos. Fica pra próxima!

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  6. Triste ler uma coisa nesta resenha, o fato do Mestre King parecer estar se despedindo. Sei lá, isso é meio dolorido aos fãs e deu um aperto no coração.
    Eu ainda prefiro acreditar que King vai voltar arrasando, como sempre fez, em algum momento!
    Ainda não pude ler este livro,mas morro de vontade ver o Mestre se aventurando por outro gênero, sem trazer totalmente o terror psicológico que ele é tão fera em nos mostrar!
    Sou fã do cara e com certeza, quero ler sim!
    Beijo

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    1. Acho que esta é só uma impressão hahaha!
      É que se formos comparar os livros do King de antigamente, eles se sobressaem muito aos atuais, acho que foi isso que o Bruno quis dizer ^^

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  7. Em se tratando do King era de se esperar um livro melhor, mas vai saber o que aconteceu, espero que não esteja se despedindo da literatura, espero ver mais livros dele por aí rs. Fiquei me perguntando como uma garota dessa idade fica andando pela rua sozinha e a noite eu que não deixaria, bem desperta muita curiosidade essa caixa e esse homem, achei estranho ela ter ficado tanto tempo com a caixa, será se interligou os acontecimentos a ela, deve ser uma leitura instigante.

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    1. Com certeza o King tem uma gaveta cheia de ideias para livros! Acho que ele vai continuar escrevendo por muito tempo! hahaa

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  8. Bruno!
    Mais um livro bem controverso do autor, por vezes acho que ele fica tentando novas vertentes, embora acabe sempre trazendo sua genialidade em qualquer coisa que escreva.
    Não li A Hora do Lobisomen ainda, mas gostei de ver que nesse livro ele conseguiu ser mais conciso e ainda traz ilustrações.
    Entendo suas ressalvas.
    cheirinhos
    rudy

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    1. Sim Rudy, tanto este quando A Hora do Pesadelo são livros curtinhos dele, se tu quer conhecê-lo, acredito que seja uma ótima pedida!

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