Black Dog | Dave McKean

Título Original: Black Dog: The Dreams of Paul Nash
Autor: Dave McKean
Ano: 2018
Editora: Darkside Books
Páginas: 120

Darkside Books mais uma vez encanta com uma edição maravilhosa do seu selo de Graphic Novel. Desta vez com Black Dog, um relato ilustrado e roteirizado por Dave McKean, a partir de pinturas do renomado artista britânico Paul Nash.

Paul Nash é conhecido como o pintor da guerra, com 25 anos, em 1914, foi convocado pelo exército britânico para batalhar na primeira guerra mundial e suas pinturas são completamente fundamentadas por suas experiências nas batalhas, com seu surrealismo retrata a solidão, as batalhas e as perdas que teve em sua vida durante os anos de guerrilha. 

Em Black Dog, Dave McKean põe em quadrinhos a vida deste pintor renomado, roteirizando sua vida em detalhes e usando algumas de suas obras como pano de fundo para isso, mantendo o estilo de desenho e inserindo neles outros elementos para deixar a história melhor representada.

A cada início de capítulo há a reprodução de uma pintura de Nash, em seguida a história escrita e ilustrada por McKean, exemplificando o momento pelo qual o pintor passava em sua vida. Com poucos diálogos e muita narrativa, o texto vai explicando aos poucos o momento no qual ele estava em sua vida, seja em meio a batalha na guerra, perdendo algum amigo em combate ou até mesmo com medo. No inicio do livro, Dave, inclusive, situa o leitor no ambiente pré-guerra na Inglaterra, mostrando como o avanço da guerra parecia desacreditada, mas que em seguida pegou força e acabou durando vários anos e fazendo vários jovens perderem suas vidas defendendo seu povo em uma ideia absurda partida de um louco que mudou completamente o mundo.




As pinturas de Paul são bem abstratas e nunca envolvem pessoas em suas formas reais, e Dave tentou seguir mais ou menos o mesmo estilo, porém, para contar a história do britânico, ele precisava expor sim a figura de seus personagens. Ele deixa as formas abstratas e insere nos quadrinhos pessoas, mas não em uma ilustração clara, os desenhos são sempre obscuros e cheios de expressões em seus personagens. Em algumas partes ele coloca o personagem em meio a figuras indescritíveis tentando evidenciar o momento de distúrbio pelo qual o pintor passava na vida. As cores utilizadas nas ilustrações seguem o colorido comum na obra de Nash, em alguns momentos existem até uns quadrinhos escuros, mostrando apenas sombras, também demonstrando fases da vida dele.

Os quadrinhos não seguem um padrão de tamanho, existem páginas inteiras com apenas uma ilustração, outras em que diversos quadrinhos são de tamanhos distintos, como é comum encontrarmos em Mangás por exemplo, e eu acho isso muito interessante, demonstras que o ilustrador tem a noção de importância diferente que há em cada um deles.

Não é o meu estilo de quadrinhos predileto, me agradam mais ilustrações mais claras, com personagens com formas mais humanas e reais, como podemos encontrar por exemplo nos trabalhos de Jeff Lemire, porém o trabalho é muito bem feito, a história contada é muito bem definida, muito triste também, mas mesmo assim não me contagiou, é uma obra daquelas que você aprecia mais pela beleza da edição do que realmente pela história nela contada.


E para falarmos em edição, mais uma vez a Sra. do terror nacional, a editora Darkside, faz um trabalho estupendo, em capa dura, páginas de altíssima qualidade, diagramação grande, e detalhes como os das letras da capa onde a parte branca do título é áspera, passando para o tato do leitor o desfoque que existe nas letras borradas. Um cuidado digno! 

Black Dog é o resultado de um programa cultural, chamado 14-18 Now que, durante meia década, reuniu trabalhos de diversos artistas que expressassem explicitamente o que ocorreu na primeira guerra mundial. A obra faz isso muito bem, mostra a sociedade a partir da visão de Paul Nash e a interferência que uma guerra pode causar na vida de alguém que passou por ela de maneira tão intensa.



Dave McKean é autor de outras Graphic Novels, que também seguem esse mesmo estilo de ilustração, como por exemplo O Dia em Que Troquei Meu Pai Por Dois Peixinhos Dourados. Como falei anteriormente, não é o meu estilo de trabalho favorito, nem como ilustração nem como roteiro e enredo, mas é bem verdade que Black Dog é uma obra extremamente necessária, pela história que conta, pela importância de Paul Nash e principalmente pela belíssima edição preparada pela editora.

11 comentários

  1. Olá Bruno!
    Amei esse livro, as ilustrações estão lindas, me chamaram atenção, realmente a Dark sabe como conquistar seus leitores, qro mto!
    Bjs!

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  2. Quero muito essa HQ, essa edição está lindíssima!! As ilustrações ficaram muito boas, podemos conhecer mais do que Nash passou na vida, sei que passou por maus bocados então é bacana poder prestigiar sua vida contada em forma de ilustrações!!

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  3. Olá Bruno,
    Ainda não me aventurei no mundo literário das Graphic Novel, mas tenho muita curiosidade.
    Achei linda essa obra, como você mesmo comentou, é daquelas que a gente pega para apreciar, pois essa edição é riquíssima.
    Quanto a história contada, também fiquei interessada em conhecer, pois adoro tramas que se passam em guerra, e acompanhar essa história sendo contada através das pinturas do Paul Nash durante a primeira guerra mundial será fascinante.
    Beijos

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    1. Oi Micheli, o mundo das HQs é novidade para mim tbm, mas te confesso que é viciante!

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  4. Oi Bruno.
    Esse tipo de ilustração também não é o meu prefiro. Prefiro traços simples, mas que dê para ver bem as expressões dos personagens e outras características físicas.
    Mas, achei a ideia da Graphic Novel bem interessante. É uma forma diferente de retratar a vida do pintor.
    A edição realmente está muito bonita.
    Beijos

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  5. Não sou muito de ler coisa assim do tipo mais por falta de pegar mesmo. Achei legal essa hq por esse clima de guerra e por unir as pinturas, desenhos, a obra visual com momentos da vida dele... Esse lado parece o que mais chama atenção na trama. Gostei dos desenhos, estão bem bonitos e se seguirem nesses exemplos da pra ver que de visual tá mesmo bem legal. Gostaria de conhecer. Se cair em mãos vou ler com vontade.

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  6. Gosto de historias sobre a guerra embora sejam muito tristes e mexem muito comigo. Essa edição além de bela é interessante, pois além de ler podemos acompanhar as ilustrações. Mas também não sei se me agradaria.

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  7. Olá, Bruno
    A DarkiSide sempre da um show em suas edições, uma mais linda que a outra.
    Não li nada deste novo segmento da editora Graphic Novel mas gostei muito deste livro, caso tenha oportunidade vou ler.
    Beijos

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  8. Oi, Bruno,

    É uma forma bastante original, o autor retratar algo tão profundo sobre a vida do Paul Nash, - vivenciado pelo mesmo.

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  9. Acompanhei a entrevista do autor recentemente no lançamento desta Hq e fiquei claro, babando em tudo. Tanto nas ilustrações espetaculares, a densidade das imagens, esse jogo particular de intercalar páginas inteiras com ilustrações e em outras, apenas algumas pequeninas. Fabuloso!!!
    Mesmo que não seja um dos gêneros que mais entenda, está com certeza uma edição maravilhosa e claro, DarkSide né? Mais uma vez, arrasando!
    Espero poder ler e ter em breve.
    Beijo

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  10. Oi Bruno, a edição parece estar mesmo maravilhosa e a Darkside é ótima nisso né, nos entregar edições lindas e de ficarmos admirando na estante. Sobre a história a vida do pintos parece ser mesmo interessante e achei bacana ter essa obra falando dela e é uma pena a história não ter te tocado como deveria, mas pelas fotos deu pra perceber que vale a pena a leitura ;)

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