Título Original: Children of Blood and Bone
Autora: Tomi Adeyemi
Tradução: Petê Rissatti
Ano: 2018
Editora: Fantástica
Páginas: 560
Em um reino onde a magia era amplamente utilizada, mas bruscamente passa a ser proibida, surgem 4 crianças. Duas delas, a menina Zélie e seu irmão mais velho Tzain, são filhos de uma família pobre, de ex-magos, chamados de Diviners. Os diviners, hoje, são subjugados e precisam pagar altos impostos ao rei do condado e caso não tenham dinheiro para paga-los, são obrigados a fazerem trabalhos forçados, como escravos. As outras duas crianças são os filhos do rei, Amari, uma menina rebelde que não aceita a ideia de seu pai ter mandado matar sua melhor amiga, uma jovem serviçal que foi brutalmente assassinada, e seu irmão Inan, que está sendo preparado para assumir o trono.
Não se sabe ao certo porque a magia foi proibida de Orïsha, até Zélie encontrar Amari em uma feira onde a primeira tentava vender um peixe raro que ela tinha pescado e a segunda fugia das garras de seu pai com um precioso pergaminho, não passava pela cabeça de ninguém que a magia pudesse retornar à vida das pessoas novamente. Mas aquele pergaminho seria apenas a primeira peça para o poder dos Magis voltar à tona em busca da igualdade entre todos neste universo.
É assim que Zélie vê em suas mãos a chave para que sua família possa parar de ser explorada e a alma de sua mãe, assassinada por ser uma Diviner em um dos genocídios provocados pelo rei, ser vingada. Mas seu irmão acha muito arriscado brigar contra o rei, ainda mais aceitando um presente dado justamente pela filha dele. Será que ela realmente está contra o pai ou é apenas uma isca para que o resto de todo seu clã seja dizimado?
Com este cenário armado que começa a batalha épica em busca de magia e igualdade. Tudo isso com personagens noventa e nove porcento negros, com um universo de fantasia muito bem construído, cheios de clãs, cada um responsável por um tipo de poder e magia, como água, terra e céu. Filhos de Sangue e Osso não deixa nenhuma aresta fora do lugar, é um mundo perfeitamente bem construído, detalhado e encantador. E o mais épico de tudo é, sem dúvida nenhuma, toda sua temática afro. Nunca se viu um livro com protagonista negros, falando sobre a magia africana, sobre as crenças, lendas, mitos e toda sua cultura, como esse livro fala. Para vocês terem uma ideia melhor do que eu estou dizendo, ele inclui inclusive os orixás do Candomblé e tudo que cerca essa religião, como os rituais e o poder que cada orixá possui.
O livro é narrado em primeira pessoa pelas quatro crianças, intercalando os capítulos entre elas e mostrando a visão de cada uma da situação que está ocorrendo. Mas fica a cargo de Zélie e Amali, as meninas, o protagonismo. Mais ainda com Zélie, que carrega o peso de pertencer a uma família de Magis. E meu deus, que protagonista que ela é! Zélie é forte, corajosa, independente, guerreira, decidida, valente. Ela é o que toda personagem mulher deveria ser nos livros, ela representa muito bem a mulher moderna, que não quer mais ficar atrás de um homem e ser sempre a coadjuvante, até mesmo sobre sua história. Zélia é a representação do feminismo, da luta da mulher, seja contra o rei que não gosta de magia, seja contra o político que não respeita as mulheres do seu país.
Filhos de Sangue e Osso foi classificado como um livro jovem adulto, porém a ação é intensa, existem várias cenas fortíssimas durante a leitura, que dificilmente uma criança de 12 ou 13 anos teria condições de absorver. Então, apesar de falar sobre crianças em busca de um objetivo, elas agem como adultos, lutando, brigando, matando e até virando vítimas, o que serve muito bem para qualquer faixa etária. Achei ele mais “adulto” que a franquia Harry Potter por exemplo.
Este é o primeiro livro da escritora americana, descendente de nigerianos, Tomi Adeyemi. Seu primeiro livro já se tornou um bestseller, já tendo seus direitos de tradução vendidos para mais de 20 países e os direitos de imagem vendidos para a Fox. Só torço para que toda essa rapidez não atrapalhe a filmagem e preparação de roteiro e que tenhamos um filme tão maravilhoso quanto o livro, o que eu acho que não será muito difícil, já que as cenas do livro tem uma ambientação, descrições incríveis e detalhes ricos, daqueles que só de você ler já consegue imaginar, como se o roteiro do filme estivesse ali, completamente pronto.
Sem dúvidas, este livro entrará no hall de livros mais importantes da cultura negra. Nós leitores nunca tivemos uma obra tão extensa e completa, com deuses, classes, magia, poderes, vilões e mocinhos. Eu não sou negro, mas conheço muitas pessoas que são, amigos com filhos que não se sentiam representados por heróis. Isso mudou quando Pantera Negra foi lançado, mas antes disso, não haviam filmes de super-heróis no qual os personagens principais tivessem sua cor. Filhos de Sangue e Osso contribui para que jovens leitores negros possam se imaginar dentro de um livro de fantasia e isso é um grande passo dentro de uma sociedade que ainda possui muito preconceito e pouca representatividade dentro da cultura popular.
Falando nisso, em uma entrevista dada nos EUA, a autora comparou sua obra com Pantera Negra, dizendo que era a representação dele nos livros, porém, na minha opinião, a importância da obra de Tomi é muito maior. Stan Lee não era negro, ela é, é uma negra escrevendo sobre negros para todas as pessoas do mundo, ela criou um universo muito maior que Wakanda, os poderes que ela descreve são muito maiores do que os que aparecem nos quadrinhos, a emoção e toda a cultura africana envolvida é muito maior do que qualquer coisa que já apareceu na história de T'Challa.
E como se já não bastasse toda maravilha que Adeyemi criou, ela em si é uma pessoa incrível. Uma das coisas mais emocionantes que vi este ano no Instagram foi seu vídeo abrindo o primeiro exemplar de prova do seu livro que ela recebeu da editora. É de chorar junto com ela, a emoção de alguém que vê seu sonho ser concretizado. Ao final de Filhos de Sangue e Osso, na nota do autor, ela faz um relato emocionante de como decidiu escrever seu livro. Ela caracteriza a obra como a vontade de mostrar para as crianças negras que elas não precisam se conformar com o preconceito, com os brancos poderosos subjugando-as. Ela diz que quis mostrar para as crianças que elas podem lutar contra o sistema, que o sistema pode tentar tirar delas o que elas tem de mais precioso (no livro representado pela magia), mas que se elas não aceitarem o que a sociedade impõe e lutarem pelo que desejam, vão viver em um mundo melhor.
E é isso que Filhos de Sangue e Osso é, a luta de crianças negras contra um sistema que tentou tirar da sua casta o que tinham de mais precioso, tornando-os escravos de um rei que ninguém sabe por que é o rei e que não é melhor do que nenhuma outra pessoa por perto. Leiam! Na minha opinião, este é o melhor livro de cultura afro da história, é épico, é maravilhoso, é emocionante, faz você achar que tudo está perdido, faz você torcer pelo bem, faz você ter raiva do mal, faz você querer lutar junto com Zélie, Amali e Tzain. É o melhor livro do ano para mim. Se você gosta de novidades, de ser um dos primeiros a entrar em um mundo que no futuro fará (já vêm fazendo) muito sucesso, não pense duas vezes antes de comprar Filhos de Sangue e Osso.
Olá Bruno,
ResponderExcluirPrimeiro que só o fato do livro trazer essa representatividade, ele merece um destaque enorme. Sempre digo que nas lutas atuais que estamos passando (que também são antigas), isso é importante, principalmente na literatura infanto juvenil.
A história me pareceu bem envolvente, adoro magia, e como traz uma cultura diferente, que eu conheço pouco, só me deixa ainda mais curiosa para ler.
Gostei desde a capa, a edição que parece estar belíssima, até a narrativa, que, não tenho dúvidas, é encantadora.
Pretendo ler sem falta!!
Beijos
NÃO SABIA QUE IA TER FILME AAAAAAAAAAA!
ResponderExcluirGente, esse livro me deixou no chão! Fazia anos que não achava um novo autor/autora favorito, e a Tomi me conquistou completamente! To no maior hype pro próximo livro, março tá demorando muito pra chegar!
E a Fox já abocanhou o enredo!!!Como não conhecia o livro, com certeza, fiquei encantada com a capa do livro.
ResponderExcluirPor amar o gênero, fiquei imensamente feliz em saber que além da fantasia, dos reinos e criaturas, o enredo também traz essa "briga" em ser visto. Cada vez mais, o preconceito é ainda motivo de notícias tristes e deprimentes.
Ainda mais nesse dia de hoje, dia da Consciência Negra é bom ver um roteiro assim, trazendo personagens muito bem construídos e com uma luta impressa em cada um deles.
Com certeza, vai para a lista de desejados!!!
Beijo
Oi, Bruno,
ResponderExcluirÉ um livro que no qual desejo realizar a leitura. Os traços da mitologia, a personagem forte criada pela autora e os ideais presentes só mostram que essa é uma história bem conduzida e desenhada.
Oi Bruno,
ResponderExcluirJá fiquei louca para ler. Amo livros de fantasia, com pegadas de mitologia! Adicionei na minha lista e quero ler logo!
Um livro recheado de aventura e muita fantasia, amoooo!
ResponderExcluirNunca li nada dessa autora, mas vi boas criticas desse livro, parece que ela introduziu a cultura nigeriana e os deuses do povo na historia, sendo que ela também tem descendência nigeriana, bem legal e diferente... Porque hoje a maioria dos livros falam mais da mitologia nórdica e romana, mostrar um pouco da cultura africana é bem interessante, pois não conheço muita coisa rs
Adorei a resenha, bjs
Olá, tenho vontade de ler essa obra desde sua pré-venda no exterior, e agora ansiedade está a mil. Gosto muito quando um autor surpreende por retratar a magia de formas originais, e aqui, além de uma trama sobrenatural muito bem estruturada, a representatividade cultural é outro ponto crucial para que a escrita de Adeyemi seja tão bem recebida pela crítica. Beijos.
ResponderExcluirOi! Eu amo fantasia, e estou muito ansiosa pra fazer a leitura desse livro, sua resenha só ajudou ainda mais a aumentar minhas expectativas! E não estou com medo, porque amo cada elemento que a autora usou para criar essa história surpreendente! Realmente temos muito do que infelizmente hoje na literatura, está pouco. Representatividade! Ter um livro tão bem recebido, aclamado, já com direitos vendidos para uma produtora de cinema, com protagonismo inteiramente negro, da cultura negra e do sofrimentos, ainda que alterados pela fantasia, é inspirador! Toda essa luta pelo descobrimento e pelo uso da magia, a tirania do rei, tudo, é maravilhoso! Quero ler imediatamente!
ResponderExcluirBjoxx
Olá, Bruno
ResponderExcluirDesde o lançamento desejo esse livro.
Gosto muito de livros de fantasia e nesse tem tudo, magia, crianças lutando pelo seu povo, cultura dos povos africanos.
Nossa a Fox já comprou os direitos, estou ansiosa para saber o que vem por aí.
Beijos
O livro tem cara de ser maravilhoso e deixa quieto e tornando-se o lançamento dele eu fiquei curiosa em conferir o livro pessoalmente mas eu fiquei surpresa com um detalhe na resenha você falou que o livro é em primeira pessoa mas eu juro que eu vi em outro blog a garota falando que é narrado em terceira pessoa bom Espero que seja realmente em primeira pessoa e isso faz com que a leitura seja mais fácil para mim
ResponderExcluirEsse livro é do jeito que gosto, fiquei muito interessada, adoro saber sobre novas culturas e acho que não li nada sobre a África. Já adorei a Zélie por todo seu empoderamento, que personagem incrível, a leitura deve ser daquelas que só se consegue parar quando termina, com personagens e trama bem trabalhados e espero que caprichem na adaptação.
ResponderExcluirQuero MUITO ler este livro! A capa, a sinopse e a representatividade da comunidade negra, tudo contribui para que este livro chame atenção e seja colocado na nossa wishlist. Após sua resenha e avaliação então, fica quase impossível não comprar e ler!
ResponderExcluirOlá, Bruno! Desde que fiquei sabendo que esse livro seria publicado no Brasil já fiquei extremamente curiosa, todas as resenhas que vi até agora só foram elogios o que aumentou ainda mais minha vontade de conhecer essa história. Sou apaixonada por histórias de fantasia, que é o meu gênero favorito, apesar disso nunca li uma fantasia que tenha se inspirado na cultura Africana. Adorei a resenha.
ResponderExcluirOi Bruno!
ResponderExcluirAmei a capa desse livro, não tinha lido nada sobre ele ainda, parece trazer um enredo bom, ainda mais com esse tema, já curti mto, espero ter oportunidade em breve de ler.
Bjs!