Celular | Stephen King

Título Original: Cell
Autor: Stephen King
Tradução: Fabiano Morais
Ano: 2018
Editora: Suma
Páginas: 384
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Clay Riddell é um adulto de meia idade que tenta emplacar nas bancas sua primeira história em quadrinhos. Bem no dia em que ele sai pelas ruas de Boston, ele começa a ver coisas estranhas acontecerem: o ouvido de uma mulher começa a sangrar enquanto ela falava ao telefone, outra pessoa começa a ter um comportamento estranho e muda sua fisionomia bem na frente dele, ficando com a aparência de um zumbi. 

No começo é difícil de entender o que está acontecendo, mas logo ele descobre a explicação para aquilo: de alguma maneira, os celulares estão fazendo as pessoas enlouquecerem. 

Riddell não sabe o que fazer até que encontra mais dois companheiros de luta, Tom McCourt e a jovem de apenas quinze anos Alice Maxwell. Os três não sabem como estão suas famílias, estão sozinhos e não sabem se existem mais pessoas infectadas fora de Boston. Clay, por exemplo, havia deixado sua família no Maine e não sabe se a epidemia chegou até lá.

Celular é daqueles livros com o terror bem característico de King, cenas fortíssimas, mortes para todo lado, coisas fantasiosas acontecendo, mas devido a construção de seus cenários, com uma enorme dose de realidade.

Sobre a realidade que King consegue passar para o livro, trago a você uma história muito bacana. Em setembro eu fui para Boston, a trabalho e um dos livros que levei para ler durante as viagens de avião foi Celular, sem saber que ele se passava em Boston. E ele foi minha companhia na viagem de o retorno ao Brasil, imaginem só, você saindo de um lugar que gostou muito de conhecer, lendo um livro que se passa, com os mínimos detalhes, nas ruas que você havia acabado de conhecer. Foi uma das melhores sensações, a qualidade da descrição das cenas, com os personagens passando exatamente nas ruas mais importantes da cidade, pelas quais eu também havia passado, a impressão de estar dentro do livro era real e muito especial.

Mas enfim, a ideia central do livro é a busca pela cura da epidemia causada por quem usava celular e a dúvida constante do paradeiro das famílias dos personagens principais, das pessoas nos outros lugares do país e do mundo. Porém, a grande questão desse livro está mais subentendida e diz respeito à maneira como as pessoas podem ficar por causa da utilização dos celulares. 

O livro foi lançado nos Estados Unidos em 2006, quando os smarthphones não eram populares e não existia ainda Whatsapp, nem Facebook ou o Instagram disponíveis na palma da mão e mesmo assim, a maneira como os celulares estavam sendo utilizados há treze anos já preocupava Stephen King.

Originalmente lançado em 2007 aqui no Brasil, Celular está sendo relançado em uma linda edição feita pela Suma. Além do livro, existe também um filme, chamado Cell: Chamada Para a Morte (2016), o qual conta inclusive com Samuel L. Jackson e John Cusack, grandes atores americanos. Segue mais uma opção caso você tenha gostado do livro.

Celular é um daqueles livros de terror raiz, cheio de cenas fortes, pesadas, com tanta morte que o sangue parece que irá escorrer pelas páginas enquanto você as segura. Mas, criticamente falando, o final deixa um pouco a desejar, fica muito aberto e diversas “janelas” que são abertas durante a trama não se fecham em sua conclusão.

De qualquer maneira, eu gostei demais desta leitura, principalmente por ter conhecido quase todas cidades aonde o livro acontece, mas também por ler algo do estilo antigo de escrita do mestre King. Ultimamente o autor tem escrito livros muito leves, focando mais no gênero suspense e menos o de terror, como por exemplo a série Bill Hodges, e até mesmo Outsider, que é bem leve comparado aos antigos livros dele, mas Celular me trouxe novamente a sensação delícia de ler o mestre do terror.

Stephen King é meu escritor favorito, escritor dos livros mais importantes da minha vida e aquele cara que eu compro o livro sempre no primeiro dia do seu lançamento, tenho mais de trinta livros dele na minha pequena biblioteca e sem dúvidas conhecer a história de Celular foi maravilhosamente perturbante. 

E você, já conhece a história de Celular? Viu o filme ou leu o livro em sua primeira edição? Me conte aí suas experiências com o mestre do terror. 

13 comentários

  1. Assim que iniciei a resenha imaginei que o rei Stephen King traria uma crítica implícita na narrativa sobre o uso excessivo de celulares, o que me surpreendeu foi o ano de publicação do livro: 2006, onde nada era tão grande quanto hoje. Gostei bastante da história, me remeteu a sensação da leitura de Caixa de Pássaros, uma coisa, um terror e a busca pela solução. Sensacional essa sua experiência 'ao vivo e a cores' nas ruas de Boston.

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  2. Eu andei lendo estes dias que este livro está entre os não tão bons do autor e talvez até seja verdade, embora os fãs nunca admitam isso.
    Eu ainda não pude conferir o livro,mas em contrapartida, vi o filme duas vezes. rs
    O enredo é sensacional e mesmo com todas as diferenças entre filme e livro, adorei a história e claro, a escolha dos atores.
    Claro, as cenas pesadas ficam só no livro e por isso, ainda quero muito conferir ele!!!
    Beijo

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  3. Não li o livro, mas assisti o filme e não gostei o final também foi estranho, em aberto. Acho que não gostaria do livro devido o final gosto de tudo fechadinho rs. Mas gosto dos livros do autor, só de imaginar isso na realidade e olha que agora o uso do celular esta pior do que na época do livro. É curioso esse mistério que deixa as pessoas em transe, estranhas, feito zumbis e olha que gosto deles rs. Acho que o mestre poderia ter trabalhado melhor o final, embora tem pessoas que gostem de finais assim abertos.

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  4. Deve ter sido muito boa a sensação de ter lido o livro celular logo após a sua viagem Bruno.
    Bom, não li o livro, mas já vi em vários lugares.
    Essa epidemia tratada no livro, que o celular enlouquece as pessoas, eu imagino não se tratar apenas de ficção rs Celular nos dias atuais é uma epidemia sim! Ninguém mais consegue ficar sem, muitas pessoas até deixam de conversar com outras dentro da própria casa, o que mais poderia ser pior?
    Fiquei curiosa para ler a obra do autor, já que ainda não li nada dele.

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  5. Olá! Que coincidência bacana, o fato de você ter acabado de ter conhecido a cidade onde a história se passa deve ter tornado a leitura mais proveitosa, ainda não tive a oportunidade de ler o livro, até porque fujo do gênero terror, mas a premissa é realmente interessante, é para se pensar sobre nossa dependência em relação aos celulares, tenho certeza que depois de ler, vou ficar apreensiva na hora de pegar meu celular.

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  6. Oi, Bruno
    Ainda não li nada do King, mas tenho muita vontade de ler algum livro dele.
    É maravilhoso quando lemos alguma história que se passa em alguma cidade que já conhecemos, é uma experiência única.
    Quando o livro foi escrito Celular o autor já estava fazendo uma critica ao uso do aparelho, e ainda continua sendo nos dias atuais. Todos tem um celular e somos tão dependentes do mesmo.
    Espero ler King ainda nesse ano.
    Beijos

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    1. Recomendo histórias mais curtas dele, como Carrie, o primeiro dele lançado e Hora do Pesadelo!

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  7. Oi Bruno,
    Para mim Stephen King nunca foi um autor só do gênero terror, pois por mais que eu tenha tido um contato bem limitado com suas obras, consigo perceber o quão eclética sua escrita é. E acho que é isso o torna tão incrível, essa capacidade de nos matar de medo em alguns livros e em outros atiçar a imaginação usando e abusando da fantasia. Adoro quando um autor cria uma história e através dela faz críticas aos hábitos reais das pessoas. Celular tem uma premissa tentadora e esse cenário pós-apocalíptico é algo que adoro. Ver a raça humana sendo colocada a prova é algo que assusta na maioria dos enredos, pois é quando o pior de cada um vem à tona, agora imagina isso pela visão de King? Mas seu diferencial neste enredo está nos personagens, na forma como irão se conhecer e a amizade improvável que surgirá entre eles. Imagino que em uma situação como essa conseguir amigos e aliados em quem se possa confiar é extremamente importante. O final aberto, geralmente, me incomoda, pois quero respostas. Mas entendo que para algumas histórias um desfecho certo e fechado nem sempre é a melhor opção.

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    1. E é muito louco saber que ele já notava isso há mais de 10 anos atrás! King é um mestre no que faz mesmo, isso é inegável!

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  8. Olá Bruno,
    Não é atoa que o chamam de mestre...
    Sabe o que mais me atrai na história, o fato de ser algo que ao mesmo tempo é impossível, ser possível. Afinal, já somos controlados pelos nossos aparelhos, o que King fez, foi só transformar isso em algo mais aterrorizante, o que convenhamos, ele consegue.
    O enredo está divino, percebo que a escrita dele mudou um pouco, e é como disse, ele escreve sobre pessoas, principalmente sobre os monstros que existem dentro delas.
    Não fazia idéia da adaptação, dei uma pesquisada, e pelo que me lembro já assisti sim, mas os detalhes da trama sumiram, quero ver de novo!
    Beijos

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  9. Bruno!
    Mesmo quando o protagonista é dos melhores, King sabe criar um enredo que sai da mesmice e traz uma visão totalmente nova para temas que parecem estar saturados.
    Zumbis estão em profusão nos livros, porém King sempre inova e da uma releitura toda própria, transformando em terror cheio de conjecturas.
    Adorei!
    cheirinhos
    Rudy

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