Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi - Crítica

MUDBOUND

Lançamento: 15 de fevereiro de 2018
Com: Carey Mulligan, Garrett Hedlund, Jason Clarke, Jason Mitchell e Mary J. Blige
Gênero: Drama

Através de um convite feito pela Editora Arqueiro, o Estante Diagonal teve oportunidade de conferir a cabine de imprensa do filme Mudbound - Lágrimas sobre o Mississipi. Ele está indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Canção Original com previsão de estreia nos cinemas brasileiros no dia 15 de fevereiro.

O principal tema abordado em Mudbound é a segregação racial no Mississipi na década de 1940 através das relações familiares de uma família branca (McAllan) e uma família negra (Jackson). O filme começa com os irmãos McAllan enterrando o pai em um dia chuvoso. Naquele momento, os Jackson estão de saída da fazenda e recebem o pedido de Henry McAllan (Jason Clarke) para ajudar enterrar o Pappy (Jonathan Banks). Fica evidente que existe um clima de tensão entre os personagens, que nós só vamos entender voltando um pouco na história. 

Após a morte de sua mãe, Henry McAllan decidiu mudar com sua família, esposa e duas filhas, para uma fazenda no Mississipi, já que agora ele se sentia responsável por cuidar do seu pai. Enquanto isso, o seu irmão mais novo, Jamie (Garrett Hedlund), foi convocado para servir na Segunda Guerra Mundial. No outro lado da história, Hap Jackson (Rob Morgan) planeja comprar a sua própria terra e tirar sua família da situação de submissão em que vivem em uma cidade com uma cultura racista forte. Na mesma época, o filho mais velho, Ronsel (Jason Mitchell), também foi convocado para a guerra. A história segue através do ponto de vista de cada um dos personagens apresentando as relações e situações que levaram até o ponto no começo do filme.


O roteiro e a direção de Dee Rees (que vale destacar, é uma mulher negra) são brilhantes. Mesmo sendo uma ficção é possível ver em cada detalhe - desde o texto, interpretação dos atores até mesmo cenas mais simples - referências históricas que dão uma verossimilhança muito forte para história. Após ver o filme, me surpreende não ver Mudbound indicado nas categorias de melhor filme e melhor direção. 

Destaco também Mary J. Blige, a atriz e cantora que interpreta Florence, é responsável por duas, das três indicações ao Oscar que o filme recebeu. Dentre elas, esta sua interpretação pela música Mighty River, que compõe a trilha sonora do longa. Falando mais sobre a fotografia, a paleta utilizada no filme é bastante acinzentada, apropriada para a atmosfera que o filme deseja passar, um tempo assombrado pela pós-guerra e por todos os fantasmas que perseguem quem participou dela. Uma curiosidade sobre o título é que Mudbound, em inglês, é uma expressão para "preso na lama", característica que cerca cenas e personagens, e também uma singela analogia sobre a sujeira humana. Sensacional!

Algo que eu gostaria de destacar em relação ao filme é que apesar de trazer uma temática muito forte - que reflete diretamente em algumas cenas, tanto de guerra como de violência - ainda assim, é possível sair do cinema com um sentimento de esperança no peito. 

Mudbound é muito rico em detalhes e com um enredo muito bem desenvolvido. Acredito que isso seja um reflexo do livro homônimo de Hillary Jordan, o qual o roteiro foi adaptado. Para quem tiver interesse, ele foi publicado pela Editora Arqueiro aqui no Brasil. Eu recomendo fortemente, tanto o filme quanto o livro, para quem tem interesse em entender o contexto histórico da segregação racial em meio a Segunda Guerra Mundial. E para além disso, o filme é de extrema importância, pois apesar da história se passar em 1940 ainda é possível encontrar em nossa sociedade muitos traços remanescentes daquela época. Entender as consequências de tudo isso é fundamental para lutarmos contra o racismo.

8 comentários

  1. Eu ainda fico impressionada que mesmo depois de tantos anos desta fase ruim da nossa história, a segregação racial ainda seja um assunto que renda tantas dores e emoções diversas.
    Andei dando uma olhada no trailler deste filme tem um bom tempo, assim que começaram as especulações para o Oscar, mas ainda não consegui assistir ele.
    Mas sei que farei isso em breve e espero que antes da festa do Oscar, já que o filme tem boas indicações.
    Beijo

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  2. Não gosto de filmes com temática de guerra, muito menos 2º guerra mundial. Mas acredito que este seja diferente, por ter como tema principal a segregação racial. Fiquei curiosa, ainda mais por saber que será indicado ao Oscar!

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  3. Oi Nina.
    Esse filme aborda um assunto muito importante que é a segregação racial em meio a Segunda Guerra Mundial. A ambientação desse período e os personagens parecem ter sido bem trabalhados e desenvolvidos. Realmente parece ter muitas chances de ganhar alguns prêmios.
    Não sei se verei o filme, mas fiquei com vontade de ler o livro!
    Beijos

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  4. Um filme digno de receber alguns prêmios, aborda um tema forte, o racismo infelizmente ainda está presente nos dias de hoje, o que é uma pena. E também trata do trauma que uma pessoa sofre em tempos de guerra, por ter vivenciado-a. Assistirei assim que tiver oportunidade!!

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  5. Oi Nina! Quero muito assistir a esse filme e também fiquei surpresa de não vê-lo indicado a melhor filme. Achei o trailer incrível e a história muito forte, impactante. A luta pela igualdade nos EUA por conta da segregação racial é muito chocante e esse período de pós-guerra foi muito sofrido para eles também. Parece que só pelo contexto histórico o filme já vale a pena!
    Beijos.

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  6. Filme interessante quero assistir e parece que foi muito bem elaborado tanto no conteúdo quanto nos atores. Gosto quando tem a Segunda Guerra Mundial nas historias, embora seja muito triste e revoltante o que acontece com as pessoas e esse ainda tem o racismo, a leitura não deve ser nada fácil, deve mexer muito com as nossas emoções.

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  7. Nina!
    Gostei porque passa durante a segunda guerra e gostei ainda mais porque mostra o drama familiar vivido pelas famílias naquela época.
    E a segregação racial como era forte naquela época.
    Uma semana abençoada!
    “Acredite na justiça, mas não a que emana dos demais e sim na tua própria.” (Código Samurai)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA FEVEREIRO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  8. De fato o que mais me chamou atenção no livro foi ele se passar durante a segunda guerra mas eu não sabia que esse filme Era inspirado em um livro Fiquei chocada mas bem interessada na verdade eu vou dar uma olhada no livro mas vou logo adicionar ele na minha lista de desejados e é bem interessante que eles mostram a já a evolução da segregação racial que fica bem mais forte nos Estados Unidos no pós-guerra

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